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Ata do Copom: analistas veem mudança no tom e nova percepção do cenário

O cenário menos arriscado percebido pelos membros do Comitê é influenciado pela melhora nas expectativas de inflação, conforme deixou claro o Copom.

Fonte: InfoMoney

O Banco Central divulgou nesta manhã a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), dando detalhes sobre os aspectos gerais que influenciaram a decisão de elevar a taxa básica de juro brasileira em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano, rompendo, portanto, o ritmo de elevação visto nos dois encontros anteriores.

A mudança no tom do discurso do comitê é nítida para a Gradual Corretora, que destaca no documento alguns pontos nos quais o Copom deixa clara sua postura de adequação do ritmo de aumento da Selic.

“Houve consenso entre os membros do Comitê sobre a necessidade de eventualmente se adequar o ritmo de ajuste da taxa básica de juros à evolução do cenário inflacionário prospectivo, bem como ao correspondente balanço de riscos”, afirmou o Copom.

A percepção de diminuição dos riscos relacionados à concretização de um cenário inflacionário benigno também foi notada no documento pela LCA Consultoria. O cenário menos arriscado percebido pelos membros do Comitê é influenciado pela melhora nas expectativas de inflação, conforme deixou claro o Copom.

No tocante à atividade doméstica, “o tom de preocupação foi reduzido sobremaneira”, comentou a analista da Rosenberg&Associados, Thaís Zara. Ela comenta ainda que um trecho inteiro que fazia referência à preocupações com as pressões sobre o mercado de fatores domésticos e seus efeitos na ampliação do repasse de preços foi excluído da ata, dando lugar a um comentário muito mais suave.

Apesar de reconhecer os riscos para a inflação, o Copom declara: “É possível afirmar, entretanto, que os fatores de desaceleração desses riscos mostram desaceleração na margem”.

Cenário internacional
Conforme afirmou a Gradual, o efeito deflacionista vindo do front externo também é um dos elementos por meio dos quais o Copom justifica o vislumbre de um cenário menos arriscado no tocante a pressões inflacionárias na economia brasileira.

No documento divulgado nesta sessão, o Comitê fala claramente sobre a possibilidade de “desaceleração do já lento processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 (Estados Unidos, Zona do Euro e Japão)”, e que, portanto, “a influência do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica passou a revelar um viés deflacionário”.

A LCA concorda com o comentário da Gradual, lembrando, contudo, que o Comitê também citou a redução da volatilidade e aversão ao risco e o arrefecimento da percepção de risco de uma crise sistêmica.

Atenta às mudanças de perspectivas quanto ao cenário externo, Thaís Zara afirma ainda que “a ata desta reunião trouxe uma mudança marcante na percepção do cenário por parte do Copom”. Segundo ela, em comparação com o documento de junho, “todas as menções sobre o efeito ambíguo do cenário externo sobre o doméstico foram retiradas e a balança parece ter pendido para os efeitos desinflacionários do cenário externo sobre o doméstico”.

O que esperar?
Para a analista da Rosemberg&Associados, a mudança do tom da ata foi tão expressiva, que dá abertura, até mesmo, para um encerramento antecipado do ciclo de ajuste da Selic. Contudo ainda é preciso olhar com atenção para os dados que antecederão a próxima reunião do Copom, no dia 31 de agosto. “Acreditamos que os dados a serem divulgados até lá serão cruciais para determinar se haverá mais um aumento”, afirmou Thaís Zara.

A despeito da preocupação com o futuro, a analista conclui que, caso não aconteça nenhuma piora brusca no exterior, sua expectativa é de que os indicadores domésticos mostrarão que a atividade permanece aquecida, e, portanto, justifica uma nova alta da Selic.

Já a LCA considera “preponderante a hipótese de que o ciclo de elevação da Selic ainda não tenha sido encerrado”, prevendo uma nova alta de 50 pontos-base na próxima reunião e outra de 25 pontos-base no encontro de outubro.

Por fim, a Gradual acredita que “é seguro afirmar que teremos mais uma alta de 50 pontos-base, mas ainda é cedo para afirmar se teremos outra na reunião de outubro”.