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Sócio: parceiro ou inimigo?

Cada dia mais pessoas decidem pela independência e pelo rompimento das amarras do mundo corporativo e para isso proclamam a liberdade constituindo um negócio próprio.

Autor: Sérgio NardiFonte: DCI - Diário Comércio Indústria & Serviços

Cada dia mais pessoas decidem pela independência e pelo rompimento das amarras do mundo corporativo e para isso proclamam a liberdade constituindo um negócio próprio. Nem sempre, porém, o negócio é iniciado de forma totalmente independente. Para suportar a pressão e responder com qualidade a tantas exigências, muitos empresários optam por criar parcerias a fim de dividir o ônus da carga horária estendida e do investimento necessário para a constituição e consolidação de uma empresa. Ou seja, ocorre a instituição de acionistas no caso das grandes corporações e dos sócios nas pequenas e médias empresas.

Mas o dia-a-dia das organizações mostra que essa união nem sempre resulta em facilitação dos processos, ganho financeiro ou incremento de qualidade de vida. Normalmente nos negócios de pequeno e médio porte, a figura do sócio, surge no intuito de suprir uma carência do empreendedor e não da empresa. Eis aqui o início do equívoco e de um possível e previsível problema futuro.

Já não acontece o mesmo, quando a sociedade ocorre pela necessidade de experiências distintas dentro de um ambiente empresarial, nesse caso os sócios contribuem de forma consistente em prol da empresa, como por exemplo, em uma sociedade onde um empreendedor tem o know-how produtivo e outro o comercial. De qualquer forma, por melhor que sejam os planos da nova sociedade, as oportunidades de mercado e por mais afinados que estejam os sócios, as turbulências aparecerão com o passar do tempo, elas são inevitáveis, só não é possível prever a intensidade delas. Histórias de golpe, roubos e de má fé deliberada circundam o meio empresarial e tornam-se um trauma permanente na cabeça das pessoas envolvidas em um negócio. O estresse, o medo e a insegurança somados as histórias do mercado, transformam o parceiro em inimigo e a sociedade estável em terreno minado permanente.

O tempo e esforços antes dedicados aos clientes, desenvolvimento de fornecedores, financeiro e marketing podem se reverter à vigília e a investigação das ações do sócio. Em algumas situações, a paranoia pode tomar conta das partes e o mal-estar está criado. Ambiente corporativo hostil, desatenção às necessidades da empresa e falta de comunicação entre os sócios resultam em enfraquecimento do negócio e por vezes a falência total.

Amizade e negócios nem sempre caminham juntos. As semelhanças e preferências que unem os amigos em uma mesa de bar ou na vida social, nem sempre são as mesmas necessárias para a constituição de uma sociedade. Família e negócios é a combinação mais delicada dentro de uma empresa. Quem tem autoridade sobre quem? As tarefas estarão suficientemente divididas a fim de evitar conflitos? As partes envolvidas na sociedade terão maturidade profissional suficiente para separar o ambiente corporativo do familiar?

Pensar no produto, no mercado, no cliente, na demanda e no preço final é necessário para o planejamento do negócio, agora "acertar" o sócio é fundamental para manter o equilíbrio, a paz e a consistência da empresa em busca do sucesso. Sociedade é como o casamento na vida pessoal: quando não está bem é necessário conversar, expor e entender as dificuldades, exigir e ao mesmo tempo ceder e por fim, na falta de um acordo comum, a separação se torna necessária para evitar o litígio prolongado e a provável falência do negócio. Referências como confiança e lealdade devem reger uma sociedade. Se houver a perda da referência, o melhor é perder o sócio também.